26 abril 2006 

Vim apenas deixar-vos uma nota de agradecimento. A todos os que antes me liam, a todos os que apenas passaram para me deixar notas de apoio e, principalmente às minhas queridas Amor Maior, Undómiel, Reborn e Piquinota por... Tudo!
No meio da minha dor, da minha perda, nada me conforta mais que saber que existem tantas pessoas no mundo capazes de vir aqui, sem me conhecer, deixar o seu carinho, as suas histórias e as suas palavras que tão bem me têm feito.
Queria também pedir-vos desculpa por não vos andar a ler e a comentar as vossas escritas, mas não tenho andado com cabeça para coisas que exijam mais de 5 minutos de concentração... Prometo que, assim que me sinta capaz em todos os sentidos, vos visitarei a todos.

MUITO OBRIGADA.

23 abril 2006 

Pensei que manter-me afastada me ajudaria... Mas nestes dias, tenho procurado insistentemente a companhia das pessoas que me são próximas e que também o eram ao Francisco.
Procuro o Francisco em cada pedacinho de tudo e de nada que encontro nesta casa. O Francisco deixou a toalha de banho pendurada na maçaneta da porta da casa-de-banho; toquei-lhe na Quarta-feira e ainda estava molhada... O Francisco refilava comigo por eu nunca apertar o tubo da pasta de dentes "por baixo"; eu refilava com ele por ele deixar a toalha pendurada na maçaneta da porta, e acordámos que não refilariamos mais um com o outro, trocando um defeito pelo outro...
A toalha de banho ainda lá está. Não consigo tocar-lhe e mal consigo deitar-me na cama cujos lençóis ainda cheiram ao perfume dele... A caneca onde o Francisco tomou o seu último café ainda está pousada no lava louças. Está tudo como ele deixou e dou por mim a mover-me como se estivesse num museu, para que nada daquilo que o Francisco tocou seja perturbado. A escova de dentes, o livro que ele estava a ler, com o marcador com pautas e notas musicais a marcar a página 238... Pergunto-me se algum dia conseguirei mover todas estas coisas de lugar.
Esta noite dormi 8 horas. Não sei se sonhei, não sei se realmente dormi... Num piscar de olhos eram 21h43, noutro eram 6h12... Deixei-me ficar deitada sem saber onde ir, o que fazer... Que lei divina me leva o Francisco e me deixa assim, a morrer aos pedaços?

Pouco tempo antes do Francisco morrer, escrevi um poema (ou algo parecido) que lhe mostrei. Ele leu-o, olhou-me, sorriu-me e, depois de eu ter dito que não estava nada de jeito e que só lhe tinha mostrado porque era para ele, disse-me: És linda. Só isto. Com aquela simplicidade que faz qualquer ser, por mais ínfimo que seja, sentir que a sua existência valeu a pena só por ter ouvido, naquele instante, a docura daquelas palavras.
Hoje, como forma de agradecer todo o vosso carinho e palavras de incentivo, partilho-o convosco. Escrevi-o numa folha de papel, dobrei-o o mais que pude e coloquei-o no caixão do Francisco, por baixo da mão direita.


Toca-me.
O calor das tuas mãos sempre me atingiu o coração e a alma...
Olha-me.
Daquela forma em que ímans invisíveis prendem os meus olhos aos teus...
Diz-me.
Todas as coisas que guardas em ti e fazem parte de mim...
Vê-me.
Em cada momento que passa por nós e em nós permanece...
Beija-me.
E deixa o silêncio apurar-me os sentidos...
Fala-me.
Sem falares com palavras que se ouçam, mas antes, que se sintam...
Adormece-me.
Como se tudo não passasse de uma simples memória...

PS - Nunca serás uma simples memória. Serás, de todas elas, aquela que com mais amor recordarei. Amo-te. Dorme bem.

Obrigada Amor Maior e Piquinota pelos posts nos vossos blogs. Obrigada Undómiel pelo e-mail mais lindo que já recebi. Obrigada Dani, Anónima(o), Narizinho, Túlipa Negra, Ant, Sónia, Paulo Dâmaso, Desassossego, Maria, Consiglieri e Rosinha...
Que um Deus, que não o que me levou o meu amor, vos dê em dobro, tudo aquilo que de bom me desejam. Um grande beijinho.

21 abril 2006 

Queridos Amigos,

Não sei como vos hei-de contar isto, nem sei se tenho o direito de vos contar, mas só hoje tive coragem de vir aqui e sentar-me a escrever para partilhar convosco o horror que foram os meus últimos dias.
Tremem-me as mãos a escrever isto e sinto que, na realidade, não me encontro aqui... Não sei bem onde estou nem quem sou, neste momento.

O Francisco... Morreu.
Não há outra forma de dizê-lo, nem sequer forma mais fácil, até porque eu mesma ainda não acredito que tal tenha acontecido.
No dia 18, durante a madrugada, voltámos de Inglaterra depois de termos ido passar uns dias com a minha avó. É algo que faço todos os anos, depois de ela vir, vamos nós com ela.
Estavam a ser dias fantásticos e eu estava convencida que as minhas baterias estavam a ser carregadas da melhor forma possível: com muita calma e amor de todas as pessoas que, naqueles dias, me rodearam.
Chegámos a Lisboa às 06h45, fomos a casa deixar as malas e, como eu tinha de estar na escola às 8 e o Francisco, estando ainda de férias, iria por-se a caminho da Guarda para visitar os pais, despedimo-nos.
O Francisco dormiu até às 11h, mandou-me uma sms às 11h22 a dizer que ia saír nesse momento, ligou-me às 12h16 a dizer que estava a caminho e que quando chegasse me avisava e... Nada mais.
A chamada seguinte que recebi, às 15h12 (já eu estava preocupada havia mais de uma hora) trazia consigo a notícia que me deixou em estado de choque. Dos últimos três dias, não tenho qualquer recordação nem sequer noção do tempo que passou. Sei que foram três dias porque o calendário me diz que hoje é dia 21.

Não vos consigo descrever o vazio que tenho dentro de mim, nem sequer a quantidade de coisas que eu ainda queria ter tido tempo de lhe dizer.
Não sei que lei divina é capaz de me tirar o MEU Francisco da forma vil e cruel que um acidente de automóvel é capaz.
Não sei porque é que a vida me tira, a pouco e pouco, tudo aquilo que eu amo e quero bem...

Desculpem o desabafo e desculpem também se não aparecer por aqui durante uns tempos. Neste momento, não durmo há mais de 50h e sinto, dentro de mim que, o mundo como eu o conhecia desapareceu... Como se caminha num mundo sem chão?

PS - Quando cheguei à escola, no dia 18 de manhã, contava-me a Maria que tinha morrido o actor Francisco Adam, num acidente de carro. Eu não o conhecia e ela mostrou-me o caso numa revista. Fiquei impressionada e disse-lhe: "Ainda por cima chamava-se Francisco..."
PS II - Um beijinho a todos por todo o vosso carinho constante e desculpem mais uma vez partilhar isto convosco.


Amo-te muito, meu amor.
Não sei que mais te possa dizer.

Francisco Carvalho
12.12.1973 - 18.04.2006

13 abril 2006 

Pára Tudo...

... ... ...

ESTOU DE FÉRIAS!!!! :D

09 abril 2006 

Festa da Páscoa

Ora bem... Não adormeci na festa! (batam palmas, por favor... Só eu é que sei o que tentei para reduzir as olheiras - até pepino! - sem obter qualquer resultado viável...)
Consegui dormir melhor este fim-de-semana, depois da minha avó ter olhado para mim com uma expressão desconfortável e ter dito (mais coisa, menos coisa:)

- Pareces um cavalo depois de ter corrido a maratona... Olha para esses olhos.

E foi então que percebi que não queria parecer um cavalo, apesar de gostar muito dos ditos animais... Mas quando a nossa própria avó (que gosta de nós!) nos diz isto... As coisas estão realmente mal...

Na festa, os meus alunos portaram-se muito bem, encarnaram os seus papéis de Músicos com uma alegria comovente de ver...
O vencedor foi uma menina, a Catarina, que ficou muito feliz e tocou Beethoven (piano) com uma delicadeza e um profissionalismo que espantou toda a gente (até os pais) e ganhou os seus bilhetes, muito orgulhosa :)

O meu Francisco está melhor, anda a vitimizar-se para receber doses extras de mimo... (eu finjo que não percebo nada e dou-lhas...)

Constato que estou a precisar de férias... Não sentem isso? Mal posso esperar por Quinta-feira...
Até já ando a sonhar com praia!... :)

06 abril 2006 

Probabilidades

Qual é a probabilidade de se terem 3 dias-não seguidos?
Qual é a probabilidade de eu adormecer na festa da Páscoa dos meus alunos, depois de ter dormido, ao todo, nas últimas 3 noites, 8 horas?
Qual é a probabilidade de eu passar o fim-de-semana a dormir?

Um beijinho a todos, desculpem-me o mau humor!
A Sexta-feira melhorará isto!
*****

04 abril 2006 

Dia não

Hoje estou em dia não...
Não consegui dormir nada, acordei montes de vezes com "barulhos", estive sentada no sofá das 3.43 às 6... E nem sequer a leitura me fez sono...
Voltei para a cama e estive, literalmente, acordada até às 7.20, hora a que o despertador toca.
Que fazer?
Fiz o pequeno-almoço ao Francisco (porque eu também não tinha fome...), bebi um copo de leite e vim para a escola...
É a loucura.