09 julho 2007 

Férias...

Venho sempre para o Alentejo, pensam vocês. Mas é aqui que me sinto bem e é aqui que encontro a paz que tanto me tem ajudado a esquecer os males da vida e a seguir em frente.
Sento-me à beira da piscina com os pés dentro de água, e é como se não existisse mais nada no mundo sem ser o som da água a mexer por baixo de mim e o som dos passarinhos e abelhas que voam ali perto.

Apesar do projecto em Londres me ter agradado bastante e de ter sido uma experiência muito enriquecedora (tanto pessoalmente como profissionalmente), senti que era aqui, em Portugal, que me sentia bem. Já não venho com mágoa. Já não odeio cada sítio onde vá que me faça lembrar do Francisco. Arrumei o Francisco muito bem dentro de mim. Agora, cada sítio onde vá que me lembre dele, arranca-me sorrisos e não lágrimas.
Às vezes, à noite, quando me deito, ainda dou por mim a chorar. Lá por te ter arrumado em mim, não significa que não seja injusto que aqui não estejas...

Mas o Alentejo, pelo segundo Verão consecutivo sem ti, continua a sorrir-me e a fazer-me querer sempre voltar.

Em Setembro, estarei de volta à minha escola. Não há dinheiro nem regalias suficientes no estrangeiro que nos façam deixar de preferir este sol, este povo, a nossa família.

A saúde da minha avó piorou um pouco nos últimos meses, de modo que veio connosco passar uns tempos a Portugal. Estou feliz por tê-la perto, apesar de ser uma refilona de primeira e de achar que este calor ainda a vai matar :)
"Beba águinha, avó", e ela ri-se.

Quando me sentir suficientemente bronzeada vou gastar as minhas poupanças na mobília da minha casa nova!

:)

18 abril 2007 

1 ano sem Ti.

Francisco,
Queria dizer-te que, apesar de não veres, as flores continuam a encher os campos na Primavera. Os passarinhos continuam a usar o ninho que lhes construíste, no Alentejo. As colmeias da D. Amélia continuam a dar o melhor mel de Portugal. Os meus meninos continuam empenhados em mostrar ao mundo que não é pelo tamanho que se medem talentos musicais. Continua a ficar mais calor do que é habitual para a altura do ano. A Guarda continua linda e há por lá um certo jardim que ainda cresce as minhas flores. Eu continuo a saír de casa sem tomar o pequeno-almoço... Continuo a cantar enquanto tomo banho. Continuo a apertar o tubo da pasta de dentes no meio. O meu cabelo cresceu. A minha mãe comprou um carro novo. O mar continua a dizer olá à nossa praia. Continuo a gostar da trovoada. Continuo a gostar de lasagna fria.
Aparentemente, nada mudou...
Mas faltas tu. O teu sorriso e a tua alegria. Durante este ano, tentei muitas vezes lembrar-me de todas as lições que esse sorriso e essa alegria me ensinaram. E sorri muitas vezes, ao lembrar-me de ti! Sorrio muitas vezes quando dou por mim a pensar no que estarás a fazer agora... E sabes porque sorrio?...
Porque sei que, onde quer que estejas, estarás a ensinar todos à tua volta a sorrir.
Dorme bem.

03 janeiro 2007 

Num Segundo

E, num abrir e fechar de olhos, chega 2007...
Desta vez, não fiz a minha lista habitual de planos que a minha mãe sempre me ensinou a fazer. Isto porque, ao reler a que fiz há cerca de um ano, no dia 31 de Dezembro de 2005, percebo que é inútil planear quando não sabemos aquilo que cada curva do caminho nos reserva...
Por isso, este ano, desejo apenas duas coisas: ser Feliz e fazer feliz.
Um bom ano para quem quer que seja que ainda venha espreitar o meu cantinho, em especial às minhas Martas e à Amigona... Tudo de bom nas vossas vidas!

10 outubro 2006 

Férias!

Duas semanas de volta a casa!
A minha casa está à venda há alguns meses. Hoje recebi um casal interessado em comprá-la. A minha mãe tem tratado de tudo - costumo chamar-lhe a minha "acessora" - mas hoje quis ser eu a fazer isso. É muito estranho olhar alguém que pode vir a habitar um espaço que, na minha memória, será sempre meu...
Não sei quanto tempo fico por Londres, mas queria comprar uma casa mais pequena, mais perto da família e sem memórias espalhadas nas paredes. As memórias prefiro tê-las dentro de mim, quando surgirem ao invés de ser forçada a lembrar-me dos "ses" em cada divisão da casa em que entro...

Fui ver os meus meninos à minha escolinha e estavam todos entusiasmadíssimos, cheios de vontade de mostrar os novos conhecimentos... Tinha muitas saudades deles... Aqueles olhinhos a brilhar, aqueles seres a absorver tudo quanto seja necessário aprender...

Suspirei umas 200 vezes por segundo, desde que pus os pés em Lisboa. Às vezes, mudar de ares ajuda... Sinto que me ajudou. Mas também sinto muita falta de cá estar!
Ainda por cima, tinha cá um bolo de laranja inteiro - só para mim! - à minha espera!!

Mais uma coisa... É impressão minha ou está um calor insuportável em Lisboa?!
Beijos!

30 julho 2006 

One week off

Cheguei a Lisboa e vim directamente para o Alentejo. Não consigo voltar a entrar na minha casa. Pelo menos, não sozinha. "Cheira-me" sempre a alguma coisa que me faz ficar triste e com vontade de me enfiar na cama o dia todo...
O Alentejo... Cheira-me a vida. Cheira-me às férias de Verão que, enquanto criança, aqui passei, nesta mesma casa e a todas as vezes em que aqui fui feliz e aqui sonhei com todas as coisas (boas) que o futuro me reservaria...
Está calor, mas a piscina ajuda, embora o Sol queime. Falta-me uma companhia, mas tento vê-la em cada borboleta, em cada abelha, em cada flor que floresce à minha volta, em cada nuvem que toma formas de gente... E essas pequenas coisas, ajudam-me a perceber que, no fundo, é impossível estarmos sozinhos se formos capazes de olhar "com olhos de ver" à nossa volta...

Ontem, enquanto nadava, uma abelhinha caiu na água. Juntei as mãos em forma de concha, retirei-a da água e observei-a, enquanto sacudia, na beira da piscina, as asinhas e se preparava para voltar a voar... Senti-me feliz...
Senti verdadeiramente que já falta pouco para que consiga juntar as mãos em forma de concha e deixar-me voar a mim mesma, uma vez mais.

01 julho 2006 

Orgulho!

Eu hoje passei das marcas: saí à rua para ver o jogo Portugal - Inglaterra com uns colegas que, quando me convidaram, estavam obviamente convencidos de que iriam ganhar...
Tirei o meu cachecol da gaveta e lá fui eu, rumo ao pub com eles... No meio de tantas bandeiras vermelhas e brancas, eu não era mais que uma pequena ervilhinha verde e vermelha, mas muito confiante!!
O meu coração ia parando várias vezes (literalmente!)... A cada defesa do Ricardo, gritei que nem uma histérica e, quando finalmente o puto (é a forma como o Francisco chamava ao Cristiano, e pegou-ma!) marcou... SALTEI, GRITEI e festejei...

E vim-me embora de mansinho antes que algum Inglês quisesse ter uma conversinha comigo!
PORTUGAL!!

29 maio 2006 

Alive

Bem... Cá estou eu! Já consegui trazer o meu portátil de Portugal, portanto, agora que já tenho um computador à mão, em que se possam pôr acentos, já me sinto mais confortável para escrever.

A primeira razão - e mais importante - pela qual não tenho passado por cá, é o facto de não ter internet em casa e de, no trabalho, me ser difícil conseguir aceder a computadores. Passo muito tempo de um sítio para o outro e - confesso - trabalho muitas horas, de modo que quando chego a casa quero é sopas e descanso, como imaginam.
Às vezes sinto falta deste mundo virtual, mas - e esta é a segunda razão pela qual não tenho cá vindo - a verdade é que este blog me lembra muito do Francisco. Criei-o por causa dele, para poder ter uma espécie de diário em que pudesse desabafar e que, ao contrário de um caderninho que poderia guardar no meu quarto, nunca pudesse ser associado a mim... Ainda que alguém o lêsse.

A verdade é que, há uma grande parte de vocês que só começou a ler-me depois do que aconteceu ao Francisco, e isso - apesar de me terem dado um apoio e um ânimo que eu, ainda que viva 200 anos, nunca serei capaz de vos retribuír - acaba por me lembrar um pouco por que razão eu vos escrevo e por que razão alguns de vocês me lêem.

São sentimentos muito estranhos, quando clico em "Publish Post" e me apercebo que a razão principal para este blog existir nem sequer o pode ler. Penso que entenderão.

Daí a minha ausência. Daí esta necessidade de afastamento, de me "fechar" um pouco em mim, como forma de manter um pouco a minha sanidade mental. Seja defesa, seja medo, mas é algo que me sinto melhor a fazer apenas de vez em quando.

A vida por aqui está a começar a encarrilhar, embora tenha passado parte da minha infância aqui e de cá vir todos os anos, é completamente diferente MORAR aqui. Mas já descobri uns quantos locais que me permitem beber um cappuccino (dos bons!!!) e ler um livro, aos fins-de-semana, já descobri jardins onde posso deitar-me na relva e fingir que nada mais existe sem ser aquela paz...
E, apesar do vazio que inevitavelmente me habita e habitará sempre um pouco, sinto-me bem, sinto que fui vencida pelo cansaço de tentar querer voltar atrás e impedir o inevitável.

Tenho saudades dos meus meninos, da minha escola, de vos ler e comentar as vossas aventuras todos os dias... Por vezes leio alguns de vocês. E quase todos me põem sorrisos nos lábios pela vossa forma engraçada de lidar com o dia-a-dia. Não tenho comentado, sinto que não tenho nada a acrescentar-vos, mas gostava que soubessem que vos espreito.

E agora... Vou correr para apanhar o autocarro!
Um beijinho Londrino,

M.T.

08 maio 2006 

Pequena Vitória

O (pouco) tempo livre que tenho tido tem sido usado para descansar, pensar POUCO em coisas mas e MUITO em coisas boas, ler o livro que estava parado ha mais de dois meses e passear...
Hoje, oito da manha, fui saber a resposta da entrevista de Sexta-feira e...

CONSEGUI O EMPREGO!!

Tenho um sentimento estupido de felicidade em mim, sabem? Com tudo o que ca vai dentro, parece que nem sequer e suposto eu estar feliz mas... Hoje fiquei! Comeco a trabalhar esta tarde (!) e ja sinto tanta falta da minha escolinha, dos meus meninos...
Mas, por agora, mais importante que tudo isso, e a minha saude mental! Coisas novas, novos ambientes com certeza me irao fazer bem...

Obrigada pelo vosso apoio...
Nao vos tenho ido ler... Nao tenho tido tempo... Perdoem-me!
Beijinho grande a todos! :)

06 maio 2006 

Londres

Estou em Londres, em trabalho. Aguardo uma resposta que pode mudar a minha vida. E, ainda que essa resposta seja negativa, ja me sinto um bocadinho mudada, so por ter ca vindo.
E tudo tao novo, pleno de coisas novas, sem conotacoes negativas ou maus pensamentos...
E, apesar de ainda dar por mim a olhar para o telemovel que a minha mae me emprestou para estes dias, para ver se o Francisco ligou... Sinto-me calma e com uma fe incrivel no futuro.
Chamem-me doida!

Um beijinho a todos, estou morta de saudades!

26 abril 2006 

Vim apenas deixar-vos uma nota de agradecimento. A todos os que antes me liam, a todos os que apenas passaram para me deixar notas de apoio e, principalmente às minhas queridas Amor Maior, Undómiel, Reborn e Piquinota por... Tudo!
No meio da minha dor, da minha perda, nada me conforta mais que saber que existem tantas pessoas no mundo capazes de vir aqui, sem me conhecer, deixar o seu carinho, as suas histórias e as suas palavras que tão bem me têm feito.
Queria também pedir-vos desculpa por não vos andar a ler e a comentar as vossas escritas, mas não tenho andado com cabeça para coisas que exijam mais de 5 minutos de concentração... Prometo que, assim que me sinta capaz em todos os sentidos, vos visitarei a todos.

MUITO OBRIGADA.